domingo, 8 de julho de 2012

Canção para os Homens da Inglaterra.

A Revista Paulo Freire em sua Edição do Mês de Abril/2012 faz homenagem a Percy Bysshe Shelley.


Percy Bysshe Shelley (1792-1822), ou simplesmente Percy Shelley, nasceu dia 4 de agosto de 1792 em Sussex, Inglaterra. Poeta, escritor, tradutor e ensaísta, Shelley foi consagrado como um dos mais importantes nomes do Romantismo mundial e um dos princípios representantes da poesia lírica inglesa, cuja busca apaixonada pelo amor pessoal e pela justiça social foi gradualmente canalizada de ações observáveis a poemas que o levaram a uma alta posição na literatura inglesa. O Poema "Canção para os Homens da Inglaterra" relata as condições que se seguiram à Revolução Industrial e a reação dos trabalhadores a tais condições.



Homens de Inglaterra, por que lavrar
Para os senhores que vos derrubam?
Por que tecer com esforço e cuidado
As ricas roupas que vestem os vossos tiranos?
Por que alimentar, e vestir, e proteger,
Do berço até a sepultura,
Aqueles ingratos zangãos que
Exauririam o vosso suor como beberiam também o vosso sangue?
Por que, Abelhas de Inglaterra, forjar
Tantas armas, grilhetas e chicotes
Se esses zangãos sem ferrão podem destruir
O produto forçado da vossa labuta?

Será que tendes lazer, conforto, calma,
Abrigo, comida, o doce bálsamo do amor?
O que é então que comprais tão caro
Com a vossa dor e com o vosso medo?

O grão que semeais, colhe-o outro;
A riqueza que encontrais, fica outro com ela;
As roupas que teceis, outro as veste;
As armas que forjais, as usa outro.

Semeai grão, — mas não deixeis que nenhum tirano o colha;
Encontrai riqueza, — não deixeis nenhum impostor acumulá-la;
Tecei roupas, — não deixeis nenhum ocioso usá-las;
Forjai armas, — a usar em vossa defesa.

Recolhei às vossas caves, buracos e cubículos;
Nas mansões que embelezais, outro lá vive.
Por que sacudir as grilhetas que forjastes? Vedes
O aço que temperastes brilhar sobre vós.

Com o arado e a pá, e a enxada e o tear,
Cavai a vossa sepultura e construí o vosso túmulo,
E tecei a vossa mortalha, até que a bela
Inglaterra seja o vosso sepulcro.


Tradução: Célia Henriques e Eduarda Dionísio
Fonte: http://correiodobrasil.com.br/comites-de-auto-defesa-populares/246124/

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