Não acordei, nem chorei em berço esplêndido
Da CPI, do dólar, da bola, das intrigas,
Do futebol que engana e salva barrigas
Das crianças verdes, negras, amarelas
Que cheiram o pó e o dia branco das favelas.
Nunca acordei distraído sobre os sonhos
Nem pisei na saliva das promessas decoradas.
Dos palanques empoeirados de discursos
Não perdi o curso da vida que suponho
Nas mentiras em gavetas empilhadas.
Deitado na última árvore da esperança
Onde o machado espera atento e afiado
Sou indefeso e grito feito o povo
Abafado numa ingnorância semi-nua
E revestido de projeto engavetado.
Sou assim a pátria que me assombra
Desbotada em quatro cores camufladas.
Lavo a alma dos mais sujos e modernos
Quando engraxo seus sapatos mocassim
Ou me alinhavo como traças dos seus ternos.
Sou eterno e barroco em minha história
A moratória que não paga uma ilusão.
Sou cidadão sem certidão de liberdade,
Sou por inteiro um corpo torto, prisioneiro,
Um brasileiro que morreu pela metade.
Autor:
Professor Assuero Cardoso Barbosa
Poema Publicado na Revista Paulo Freire
Edição de Fevereiro/2012.
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