segunda-feira, 16 de julho de 2012

Suspiros da fome no Sertão Nordestino




Eu vi a lágrima rolar,
No rosto da mãe aflita.
Que vendo seus filhos com fome,
Maldisse a própria vida.

Pois vendo os seus com fome,
E não podendo saciá-los.
Em um ato de desespero,
Jurou até matá-los.

E se matar junto a eles,
Para ela era preferível.
Do que os ver se acabando,
Daquela forma,Cruel e terrível.


Eu vi um pai catar lixo,
Para vender no sucatão.
Disputando com os urubus,
Restos putrificados de alimentação.
Quando perguntei de onde vinha,
Me disse com comoção:
Sou um agricultor, roceiro
Que fui tangido do sertão.

Vim para a cidade grande,
Procurando a solução.
Mas não encontrei emprego,
Me falta capacitação.

Vi minha mulher e meus filhos,
Cairem de fome no sertão.
Nem água eu tinha para dar-lhes,
Eu os vi agonizarem e morrerem em minha mão!

Roubar eu sei não é certo,
Me mandariam para a prisão.
Pedir eu tenho vergonha,
Não fui criado assim não!



Seu moço depois daquela cena,
Tomei essa decisão:
"É melhor disputar aqui com os urubus,
Do que palma com o gado no sertão."

Eu vi crianças tão magras,
Que mais parecian esqueletos.
Vi um prostituto da comunicação,
Dizer que saquear é mal feito.

Vi a sociedade se organizar,
E enviar roupas e alimentos.
Tetando amenizar,
Um pouco o sofrimento.

Vi e vejo políticos inescrupulosos,
Se aproveitarem do momento.
E trocarem míseras cestas básicas,
Por voto que lhes darão sustento.


Autor:
Poeta Antônio Dantas Santos
Professor da Rede Municipal de Itabaiana-SE.

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